Transe é uma seção curada apresentada na SP–Arte Rotas 2025 que investiga o território liminar entre a figuração e a abstração. A mostra reúne cinco artistas — Caio Carpinelli (São Paulo / BR), Emilia Estrada (Córdoba / AR), Fernão Cruz (Lisboa / PT), Marina Woisky (São Paulo / BR) e Marlan Cotrim (Recife / BR) — cujas práticas exploram um campo visual em constante transição, onde as formas nunca se fixam por completo. O projeto parte da ideia de não-figuração, uma dupla negação que recusa tanto a representação literal quanto a abstração pura. Em vez disso, propõe uma imersão em obras que funcionam como passagens, campos de energia onde gesto, corpo, memória e matéria se entrelaçam de forma indisciplinada, desafiando categorias rígidas.
Os trabalhos inéditos apresentados materializam essa investigação de maneiras distintas e complementares. As obras transitam por zonas de ambiguidade, desde a pintura de Caio Carpinelli que tensiona o visível e o invisível, passando pelos mapas lunares de Emilia Estrada que embaralham cartografia e fabulação, até as esculturas de Fernão Cruz que evocam o deslocamento físico e psíquico. Completam a seleção os corpos metamórficos de Marina Woisky, suspensos entre mito e matéria, e as “corpografias em trânsito” de Marlan Cotrim, que dissolvem as fronteiras entre corpo, paisagem e pintura. Juntos, os artistas criam um ecossistema poético que opera como um sussurro entre o que é dito e o que escapa.
Mais do que uma exposição sobre um estilo ou tendência, Transe se afirma como um estado de atenção e uma travessia. Em sintonia com o espírito da SP–Arte Rotas, o projeto reverbera a urgência de deslocar, transpor e reinventar. Ao reunir práticas que desafiam binarismos e celebram a fluidez, a mostra oferece uma experiência visual e política que convida o público a abandonar as certezas do olhar e se entregar a imagens que estão sempre em trânsito, propondo novas formas de sentir e imaginar.